Pode vir amor. Chega com tudo


Hoje quando despertei e a palma do meu pé tocou o chão frio, o arrepio foi inevitável. Abri a janela como de costume e encarei a claridade forte e morna que o sol despejava sobre o meu rosto. Bom dia, vida. Bom dia, dia. Bom dia, rotina. Após o feito, senti uma imensa vontade de abraçar outro corpo e desejar um bom dia, também. Mas não tinha. Nem na direita, nem na esquerda. Nem em lugar nenhum do meu quarto. Era só eu, minha bagunça organizada. Uma carência repentina. E meu peito apertado.

No caminho para o trabalho, sorrisos recíprocos, abraços por trás, mãos entrelaçadas, beijos na testa, bom dia amor, casais felizes, até mais tarde. Senti o meu nível de carente aumentar sei lá, uns 115%. Eu queria ser um deles. Queria amar pelos olhos como eles. Amar. Amar e Amar. Acho que o que estou precisando mesmo é de um novo amor. É isso aí, estou precisando amar de novo. Sentir de novo. Ser besta de novo. 

Faz tanto tempo que eu não sei como é essa sensação que, acho até que desaprendi como fazê-la. Mas não por um querer absoluto, é que quando carregamos uma bagagem fortemente pesada de decepções, acabamos sendo obrigados a construir um cadeado com apenas uma chave. E, quase sempre, guardamos essa chave com tanto zelo que nos esquecemos da sua existência. Conseqüentemente, nos tornamos prisioneiros do nosso próprio medo. Da nossa própria falta de coragem. Tornamos-nos covardes por não querer mais arriscar. Por não querer dar outra chance ao amigo e sofrido coração. E é aí que mora o perigo. Quando temos medo de amar, automaticamente a gente acaba morrendo aos poucos.

Mas ó, preciso dizer que não é legal ser tão solitário. Não é legal querer falar como foi o meu dia e não ter para quem. Não é legal não ter alguém para surpreender diariamente. Já experimentou ir ao cinema sozinho? Então, não é legal. Pior ainda é não ter a quem desejar uma boa noite com um tempero diferenciado. Na verdade, não é legal ter medo de amar. Não, mesmo.

Mas chega uma hora que você realmente recebe a sentença de que precisa de um outro alguém. De uma companhia. De um beijo demorado. De um amor suado. De um lado da cama ocupado. Chega uma hora que percebemos a falta que faz o frio na barriga causado pelo amor. Às vezes dá saudade de ter os batimentos acelerados toda vez que os olhares se cruzavam e a sensação de ser completo tomava conta. E na boa? Eu to com muita vontade de querer tudo isso de novo. Sabe quanto tempo eu não me preocupo com a roupa que vou vestir só porque vou encontrar a moça que me arranca um largo sorriso? Nem eu sei. A agonia de suar pelas mãos e gaguejar cara a cara, eu nem lembro mais como é, embora saiba que é muito boa.

Mas depois da manhã de hoje, resgatei no fundo do baú a chave do meu cadeado e libertei o meu querido coração. Fizemos as pazes. Ele está com sede e eu preciso sacia-la. Então pode vir amor. Chega com tudo. Sem pedir permissão. Sem aviso. Invade o meu peito. Entra na minha casa. Deita na minha cama. Faz-me um cafuné. Ama-me a noite toda. Acorda do meu lado e por favor, me deixa te desejar um bom dia.

Vem correndo amor. Já estou te esperando. Cortei o cabelo e to cheiroso mais que filho de barbeiro.

5 comentários:

  1. Nossa, como você consegue?!
    Transmitir uma carga emocional tão grande e sensacional...
    É, no final o amor sempre vence.

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  2. Lindo seu texto, acho ate q foi para mim rs rs mas ainda n fiz as pazes com o meu coração rs :3

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  3. vi seu blog na pág da Isabela Freitas e como eu amo escrever e ler, decidi vir. To desde que ela lançou o seu texto no blog aqui no seu. E eu simplesmente me apaixonei por todos que eu li!!! Parabéns

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