Ela veio ser o que eu precisava ter

Eu sempre tive a sensação de que essa coisa de amar não era para mim. Achava que eu não havia nascido para isso e que, com certeza eu era apenas uma ponte para fazer o amor acontecer, só que, fazer acontecer para outras pessoas, claro. Para os que não tinham coragem de chegar e despejar o que sentiam, ou para aquele amigo que brigou, mas não queria perder a sua garota. Eu até dava dicas que, obviamente, só funcionavam com eles já que eu nunca tive sorte com relacionamentos, nunca consegui ser amigo do meu coração e isso fez com que eu colecionasse péssimas experiências amorosas. 

Quando a gente gosta de uma pessoa, é fato que ela passa a se tornar prioridade em quase tudo no nosso dia-a-dia. E por esse motivo, quando algo de errado acontece e o fim chega, tirar da cabeça o que já faz parte da sua rotina é quase impossível. E foi exatamente por isso que desde o meu último namoro, eu preferi não me apaixonar mais por ninguém. É muito complicado rasgar os sentimentos negativos em pedacinhos e jogá-los em uma lata de “lixo não reciclável”. Então preferi não mais acumular esse tipo de sentimento, evitando que os positivos se criassem no ato me apaixonar e entregar o meu coração - nada meu amigo - para alguém outra vez.

Essa era a minha intenção. A minha verdadeira vontade. Porém, quando a gente acha que esta no controle de tudo, as coisas começam a sair do lugar de uma forma tão acelerada que é impossível conseguir reorganizá-las na mesma velocidade. E foi justamente no meio de toda essa bagunça que ela chegou me doando um sorriso e oferecendo ajuda. Oferecendo paz. Oferecendo carinho. Oferecendo amor. Oferecendo felicidade.

Mas eu prometi que não iria maiACEITO!

Aceitei mais uma vez. E olha, preciso confessar que se eu não tivesse agido com teimosia, jamais saberia como é o sabor de ser amado de verdade. A moça veio iluminar a escuridão que habitava no meu peito. Veio ser o ouvido dos meus problemas e a sugestão de solução mais sábia que eu já tivera.  Ela soube me conquistar sem fazer esforço. Sem fingir ser. Sem calcular falas. Sem planejar ações. Sem combinar nada.

Ela sugeriu que modificássemos os móveis. Convenceu-me de que se eu pintasse as paredes do meu coração, ele renovaria a vontade de amar. Varreu a poeira de decepção que eu tinha preguiça de limpar e abriu as cortinas da minha vida para que o ar novo, fresco e puro entrasse novamente.

Se eu disser que ela me conquistou aos poucos, estarei mentindo. Não foi aos poucos, foi de uma vez só. Foi rápido, ela veio como uma faísca tocando na gasolina de sentimentos que escorria do meu coração e incendiou tudo. Ardeu. Explodiu. Aconteceu. Nasceu amor.

E hoje ela é o meu toque mais vibrante. O meu cheiro preferido. O gosto mais gostoso. O calor mais suportável. O arranhão menos dolorido. O sussurro mais tentador. O suor mais prazeroso. A bronca mais carinhosa. A desarrumada mais linda. A risada mais contagiante. O olhar mais apaixonante. A timidez mais atrevida. O arroz queimado mais gostoso. A comentarista de futebol mais engraçada. É a ladra de edredom mais inocente. A minha moleca mais princesa. Ela é a minha prioridade para o futuro. O meu plano mais importante. A minha surpresa mais inesquecível. Ela é a pessoa que usa as minhas blusas como pijama. Ela é a minha bagunça mais organizada.

Ela veio ser o que eu precisava ter. Isso só pode ser amor. É amor. E se amar é estar errado, eu juro que não quero estar certo.