Pobre Coração

Calos de luta. Cheiro de cansaço. Suor de decepção. Coração remendado está se cansando de tanto andar e a lugar nenhum chegar. Não é a primeira, nem a segunda porta que se fechou em sua face. Não foi o primeiro machucado no joelho da esperança. Nem o último.

Confianças perdidas. Ajudas que se foram com o vento, e ingratidão que chegou de penetra. Ele quer paz. Ele quer sorrisos. Ele quer luz. Luz para guiar a sua visão que já é falha por conta dos olhos inchados; consequência de muitas lágrimas derramadas. Ele quer sorrisos para dizer que vai ficar tudo bem dessa vez, outra vez. Ele quer verdade.

Coração remendado. Aguarda um cobertor quentinho para salvá-lo do inverno de falsidade gratuita. A sandália está se desfazendo, e o calcanhar começa a arder no chão sujo de tanta maldade. Mas ele não desiste. Ele quer por um fim nessa angústia que o persegue e a cada dia sussurra cada vez mais alto em seu ouvido.

Ele ouve tiros. E sente a dor do atingido. Ele ouve gritos, e sente agressivamente o sofrimento do vizinho. Ele não aceita tanta injustiça. Ele quer mudar o seu mundo, porém se sente impotente. Não dá para confiar na bondade do colega quando corres o risco de um infarto. Sua pressão está alta. O batimento está acelerado e cada vez mais ele se esforça para se manter firme.

Ele quer. Ele sabe que pode conseguir. Ele acredita fortemente que não há dificuldade que não possa ser superada. Para ele, o problema tem solução. Para ele, a depressão de injustiça e desigualdade do mundo tem chances de ser superada. Pobre Coração...  Ele tem esperanças de um dia criarem um merthiolate para passar em cima da mentira. Ele sonha com uma cirurgia de implantação de caráter. MLs infinitos de amor no peito. Uma aplicação de bondade. E uma redução de violência.

Coração inocente. Mesmo com tantas cicatrizes, ainda acredita na mudança do hoje e tem esperanças para o futuro.