DR ao amanhecer


6h20 AM. O insuportável som do despertador nos acordou. Era hora de sair do castelo e liberar a minha princesa para a sua faculdade enquanto eu seguiria para o meu trabalho. Acordar ela com beijos no pescoço, abraçando de lado e sentindo o seu corpo quente em meio aos 15°C que faziam no quarto era extremamente bom. Poderia ficar naquela posição por horas. Ela então sugou o ar com força e despejoudevagar, desejando bom dia com um pequeno sorriso sem descolar os lábios. Aparência séria e expressão fora do comum. Algo estava errado. 

- Está tudo bem amor? Parece desconfortável. Estranha! Perguntei curioso, e sem meias voltas, ela foi direta e disparou...

- Sabe, você vive me cercando de boas intenções, promessas fantásticas e uma vontade insaciável de me agradar. Por que tanta perfeição para um homem só? É vontade de causar boa impressão ou apenas o seu habito de ser gentil com as pessoas? De nunca fazer nada de errado para não te olharem torto? 

- Nossa, por que você tá me perguntando isso e falando com essa agressividade toda na voz? Perguntei completamente confuso, sem entender o motivo daquela situação. Tivemos uma noite de amor maravilhosa, acordo ela com beijos e carinhos e de repente ela me surge com esse surto momentâneo? Não conseguia entender.

- Não precisa temer nada, nem se questionar se fez algo de errado, porque isso está longe de acontecer. Só não consigo compreender o porquê de tanto perfeccionismo no nosso relacionamento. Sabe, eu gosto de ser tratada mal às vezes, de ser repreendida e ver que você está no comando me guiando e me fazendo ceder em certos momentos. Não quero ser sempre essa flor que você rega cuidadosamente para não murchar ou morrer. Não esquece que muita água, mata a planta. Tenho a sensação de que você faz tudo isso apenas por vontade de fazer do nosso relacionamento diferente do seu antigo, este que vez ou outra você se recorda com brilho nos olhos. 

- Então você está me brigando por te tratar bem e querer te fazer feliz? É isso mesmo?! Perguntei sentando na cama e me virando para ela com uma expressão completamente de “???”.

- Não estou te brigando, e era justamente aí que eu queria chegar. Você realmente tem a intenção de me fazer feliz? Até quando? Porque de todas as demonstrações de carinhos que você tem me dado, poucas delas têm sido feitas com amor. Inclusive, poucas foram às vezes em que você disse que me amava. Você realmente me ama? Tenho a necessidade de saber se vivo num presente a base de ilusões, planejando um futuro que talvez você nem me queira nele por se manter preso ao passado.

A pergunta e o seu complemento vieram até mim como uma flecha sem ponta. Doeu saber que apesar de tudo o que faço por ela, há inseguranças e dúvidas quanto ao meu amor.

- Querida, um relacionamento como o nosso, não é feito à de “eu te amo”, te trato demasiadamente bem porque essa é a forma de eu me sentir bem também. Eu te amo, e não é pouco, te amo o suficiente para querer ser o teu o teu abraço de bom dia e o teu beijo de boa noite, todos os dias e todas as noites da minha vida. E quanto ao meu passado, eu prefiro que se mantenha lá atrás porque o meu presente e futuro já tem definição certa. E te quero nele como a mãe dos meus filhos e a gerente da minha vida. Deixa essa insegurança de lado. 

Ela então sentou-se, virou para mim e disse:

- Obrigado, foi essa insegurança que me fez ver agora que tu és muito mais do que eu imaginava. Eu te amo! 

Em seguida me beijou e acabamos voltando a deitar, olhamos o relógio e ele já pontuava: 7h30. Se o nosso relacionamento era perfeccionista, naquele dia foi quebrado esse estereótipo. Desligamos os celulares e tiramos um dia de folga para nos amar.


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