Lembranças Matutinas


Sem sono, sem preguiça e sem reclamar da claridade do sol que batia no meu rosto. Foi assim que eu acordei. Com saudade e sentindo falta de algo que um dia tratei como um brinquedo descartável. Mas como assim saudade? Logo eu, tão pegador não apegado... 

Acordei sentindo falta daquela mensagem diária de bom dia com uma carinha de feliz no final do texto. Sentindo falta do cheiro daquele cabelo cor de ouro que me acordava todas as manhãs. Acordei carente daquele sorriso que de alguma forma tinha o poder de mudar o meu dia, - para melhor - todos os dias. E depois que a saudade abriu a porta, a dona lembrança resolveu chegar acompanhada da amiga culpa. Comecei a lembrar do mau humor matutino que ela tinha, que por sinal, me tirava muitas gargalhadas. Do calor do celular encostado no meu ouvido enquanto conversávamos por horas e horas quase impercebíveis. Da minha implicância com aquele short jeans extremamente curto que ela amava vestir. E principalmente, das noites mal dormidas fazendo a cama tremer.

Porém em meio a tantas lembranças boas, veio a pior delas. O dia em que eu a deixei partir sem mover um grão de areia para reverter àquela situação. Apesar de toda a nossa alegria e felicidade quando estávamos juntos, ela queria mais. Ela precisava de mais. Ela queria ser minha por completa, consequentemente me tendo somente para ela. Nós não tínhamos um relacionamento sério, mas podíamos ter. Era isso que ela queria. Mas naquele momento eu fui burro e imaturo. Egoísta o suficiente para dizer que eu havia nascido para ser livre, e que se não estava do seu agrado daquele jeito, que ela seguisse o seu caminho sem a minha companhia.

Menina de poucas palavras, balançou a cabeça para a direita e para a esquerda reprovando a minha atitude e disse que se saísse, não voltaria mais. E foi o que ela fez. Quando bateu a porta, eu não senti culpa de nada, afinal ela me conhecia, sabia que assim como eu tinha ela, eu também tinha mais outras Amandas, Carlas, Biancas e várias letras do alfabeto. Não queria me limitar apenas a uma. 

Então o nosso contato foi ficando extinto com o tempo, eu já nem lembrava mais dela. Até ontem. Até vê-la linda e loira na festa de um amigo em comum, rodeada de amigas e vendendo o tal sorriso que naquele momento, vinha até mim como um tiro e perfurava o meu coração toda vez que eu a olhava. (O que foi praticamente a noite toda). Antes de ir embora, ela veio até a nossa mesa e despediu-se de todos, inclusive de mim com um beijo no rosto. Não pude evitar sentir o cheiro daquele cabelo. Ô pontas loiras, você continua incrível. Saí da festa minutos depois, cheguei a minha casa e adormeci assim que caí na cama. E na manhã de hoje, acordei com as minhas boas e ruins lembranças (da loira mais incrível que eu já conheci e que por burrice, hoje já tem um dono) me desejando bom dia. Pois é, a vida nos surpreende assim mesmo, em uma manhã qualquer de Novembro.


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